Publicado em 19 de fevereiro de 2012
SP – A noite tranquila de verão garantiu um espetáculo de cores e muito brilho em Cubatão. O Desfile Oficial das Escolas de Samba aconteceu no sábado de Carnaval, 18/2, invadindo a madrugada de domingo e contagiando milhares de pessoas que lotaram as arquibancadas. Um público de 10 mil pessoas acompanhou o evento na Avenida Beira Mar, no Jardim Casqueiro.
A Corte Carnavalesca desfilou elegância na Passarela do Samba “Mestre Lú”, dando boas vindas ao público. Estavam lá: Rei Momo Rochinha, Beatriz Costa (Rainha do Carnaval), Hennelizze dos Santos (1ª Princesa), Priscilla de Albuquerque (2ª Princesa), além de Kessillyn D’Vaynner (Rainha Gay), Samantha Dior (1ª Princesa Gay) e Letícia Vingether (2ª Princesa Gay), Weskley Faustino (Passista) e Seu Madeira, Embaixador do Samba.
Para esquentar o ânimo da plateia, teve arrastão de Maracatu com o Grupo Zabelê de Cultura Popular, da Vila dos Pescadores. Artistas circenses cuspindo fogo, ora erguidos em pernas de pau, se juntaram aos estandartes da cultura popular, sob a bonita cadência da batucada, retratando com fidelidade um dos ritmos típicos do Carnaval de Recife (PE).
O Desfile Oficial teve início às 22 horas, com a GRES Unidos do Morro. O enredo “No arrasta pé da alegria, a Mocidade faz o Forró virar folia” fez uma homenagem aos migrantes nordestinos que vieram para Cubatão em busca de uma vida melhor. O tema retrata a realidade do município, já que mais de 60% dos moradores de Cubatão são nordestinos ou descendentes. Antes, um trio com sanfona, triângulo e zabumba interpretou “Asa Branca”, em homenagem aos 100 anos de Luiz Gonzaga.
A agremiação entrou com tudo na avenida com seus 1.200 componentes. Na comissão de frente, o nordestino com sua mala e sanfona, mostrou o que tantos cubatenses já viveram em uma coreografia impecável. A Escola sambou com suas 13 alas. Em muitas fantasias, como da Bateria Pulso Forte, comandada pelo Mestre João Fumaça, criatividade na composição: havia xita na barra da roupa, tecido típico. Os forrozeiros de plantão apareceram em várias alas, alguns com guitarra a tira-colo, uma alusão ao Forró Eletrônico.
Destaque para a alegoria que homenageou o Forró do Zé do Milho, ponto de encontro no morro durante o ano inteiro. Para a comunidade, o bom baiano chamado Zé não deixa inguém ficar parado com seu largo sorriso. O último carro falou da terra natal – a seca, a paisagem, o sanfoneiro gigante com chapéu de couro e cangaceiros. “Estamos mostrando pra todo mundo o valor que o morro tem: o valor da humildade, do samba no pé, mesmo falando em forró”, disse Fábio Índio, presidente da Unidos do Morro, caçula das agremiações cubatenses, criada em 1988 na Cota 95.
A segunda a desfilar foi a GRES Nações Unidas. O enredo “Miscigenação: a cara, a força e a voz de um povo” fez um passeio pela pluralidade de raças que forma a Cultura Brasileira. O país em constante ebulição apareceu em cada uma das 18 alas da Escola. Em “As águas do início”, a história dos índios, já demonstrada na comissão de frente. O 1º carro alegórico trazia a escultura de um pajé com 9 metros de altura.
Os 1.200 participantes demonstraram muita energia e alegria em pisar na Passarela representando a “mais querida”, como é conhecida a agremiação. Na “Maré da invasão”, apareceram os portugueses, os muçulmanos e os cristãos, onde a bateria Sangue Azul, comandada por Mestre Madeira, trazia a realeza da coroa. Na sequência, na “Chuva africana”, o sincretismo através das fantasias que lembravam os adereços dos orixás.
No “Encontro das Águas”, a formação do DNA do Brasil, esse espaço acolhedor que tem pouquinho de cada lugar do mundo. A simplicidade tupiniquim foi retratada em uma fantasia com o tema da bandeira nacional, com destaque para a coreografia dos casais que iam de um lado para o outro, contagiando a todos. O Desfile da Azul e Branco terminou em grande estilo, com a velha guarda em uma avenida miscigenada de emoção. A Nações Unidas foi criada em 1978 no bairro da Vila Nova e foi vice-campeã ano passado.
A GRCES Independência foi a última a desfilar. Pisou na avenida com o tema “Uma viagem cultural à legendária Bahia”. Já na comissão de frente, a primeira cidade do Brasil aparecia retratada pelo encontro entre índios, portugueses e as religiões africanas. O 1º casal de mestre-sala e porta-bandeira, fantasia colorida e “acesa”, com luzes vermelhas ao redor do corpo. Para Valdir, nove anos seguidos “nota 10” dos jurados, motivo de comemoração: “Espero ser premiado este ano com outra nota máxima, completando uma década de reconhecimento do meu trabalho como mestre-sala”, afirmou.
Nas outras 13 alas o que se viu foi o colorido de terras baianas, retratando a doce paisagem descrita por Dorival Caymmi. E quando se comemora os 100 anos de Jorge Amado, que escreveu como ninguém sobre a beleza da mulher e do mar baianos, uma homenagem bem pertinente da Escola. Um total de 1.500 pessoas desfilaram pela Independência distribuídas em 13 alas e quatro carros alegóricos.
Da História à Música, Literatura, Culinária, Folclore, nada foi esquecido, retratando a Bahia em um caldeirão cultural cheio de riquezas artísticas. A agremiação, fundada em 1976 no Jardim Casqueiro, é sete vezes campeã do Carnaval cubatense.
Os jurados tiveram a doce missão de analisar os 10 quesitos propostos: Enredo, Fantasia, Samba Enredo, Mestre-sala e Porta-bandeira, Bateria, Conjunto, Evolução, Alegoria, Comissão de Frente e Harmonia. O resultado será conhecido na próxima segunda-feira (20/2), a partir das 17 horas, no Centro Esportivo Castelão (Rua Embaixador Pedro de Toledo, 365).
ASSISTA O COMPACTO DO DESFILE DAS ESCOLAS DE SAMBA
Link para a galeria de fotos do desfile de Cubatão
Texto: Morgana Monteiro
Foto: Carlos Felipe e Rodrigo Fernandes
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