Publicado em 29 de dezembro de 2011
Por Thiago Trindade – Expresso
“Oi, Dicró. Tudo bem?”. “Mais ou menos”. A resposta numa voz baixa e desanimada de um malandro sempre bem-humorado e irreverente já dá uma noção de que o mar não está pra peixe para o cantor de 65 anos. Há um ano, ele sai do apartamento onde mora, na Tijuca, toda segunda, quarta e sexta, para fazer hemodiálise (processo de filtragem dos rins) no Hospital dos Servidores, no Centro. Sem força nas pernas, passou a usar cadeira de rodas.
Todo esse drama, causado por complicações da sua diabetes, o fez ficar afastado dos shows. E agora ele se agarra na fé e conta com os amigos para não ficar na “rua da amargura”.
— Não tô podendo trabalhar por causa da hemodiálise. Estou empurrando algumas dívidas com a barriga e vivendo com um dinheiro que estava guardado. Mas já está acabando e não sei como vai ser, mas Deus vai ajudar. Se eu der um toque no Arlindo, no Zeca e outros sambistas, eles vão me ajudar — acredita.
Dicró poderia conseguir um dinheirinho vendendo seus CDs no Largo da Carioca, como costumava fazer, mas não quer aparecer lá num estado tão debilitado.
— De cadeira de rodas, tive lá só duas vezes. Não quero voltar tão cedo, porque não estou no clima. Não quero que me vejam assim e saiam falando um monte de coisa. E se eu colocar outra pessoa para vender, ninguém compra — afirma o sambista.
Além das complicações da diabetes, em outubro Dicró teve que fazer uma cirurgia de emergência na vesícula. E o que deixa o malandro mais chateado não são as dores que sente ou as injeções e remédios que é obrigado a tomar.
— O mais chato é que não posso beber a minha cervejinha. A alimentação também tem que ser bastante leve. Só estou comendo verdurinha — conta o malandro.
Sambista quer fazer show no ano novo
Dicró mostrou-se chateado por não ter sido chamado pela prefeitura para fazer um dos shows do réveillon, como informou o colunista do Globo Ancelmo Gois – nem no Piscinão de Ramos, onde é um dos fundadores. Mas o sambista ainda acredita que possa participar da festa do Ano Novo.
— Parece que o Eduardo Paes deu um esporro em todo mundo e mandou me colocarem em algum lugar. Eu vou cantar na virada da Ilha do Governador. O cachê não é nada demais, mas já quebra um galho. Não estou muito bem, mas dá para forçar a barra e fazer — revelou.
A assessoria de imprensa da Riotur informou que o nome de Dicró ainda não entrou na programação oficial do réveillon da Ilha, que será realizado na Praia da Bica.
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