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Samba geral de um novo malandro
Publicado em 29 de junho de 2010
Thiago Mariano
No mapa da Lapa do cantor Rogê cabe todo o Rio de Janeiro. E é na confluência dos ritmos mais característicos dos cariocas que ele lança seu terceiro disco, “Fala Geral” (independente, R$ 20 em média).
Radicado na Lapa, onde faz shows quase que diariamente, Rogê é o típico personagem malandro, que não pede distinção, faz samba.
No novo CD, vendido pelo site www.bolachadiscos.com.br, ele joga com o samba, o suíngue – que em certos pontos se estabelece a identificação entre a sonoridade do cantor com Jorge Ben Jor e Bebeto – o jongo, o reggae, a bossa e a música de terreiro.
Mas, apesar da semelhança musical com os grandes ídolos do samba rock da década de 1970 e 1990, o disco inteiro não conserva apenas uma identidade. Nem uniformidade.
Já de entrada, na faixa “Fala Brasil”, se esfacela a imagem de sambista puro, pois a canção vem em bossa, com a luxuosa participação de Daniel Jobim, neto de Tom Jobim, ao piano. A bateria do mestre Wilson das Neves dá compasso de fluidez à composição.
“A Nega e o Malandro”, que vem em seguida, em parceria com Minha Princesa, forma o lado sambalanço de Rogê. E são fogo na pista. Não perdem em nada para os grandes hinos de Ben Jor e Bebeto.
Amor à Favela é um registro à parte. Feita em homenagem a Cartola e com participação do maestro Jacques Morelenbaum, é marcada pela suavidade nos arranjos. Na letra, feita pelo cantor em parceria com Arlindo Cruz, os problemas da favela de hoje, como o crime e o abandono, estão contrapostos aos áureos tempos em que o terreno era profícuo na produção de cultura popular.
“O Guerreiro Segue” e “Mãe Natureza” carregam o reggae ao samba. “São Geraldo” é um rock composto com percussões. “Tempo Virou” fecha o disco em ponto de terreiro, com grande coral de crianças, com versos como “O tempo perfeito é o sem preconceito para a gente se amar/ quando será que esse tempo vai chegar/ que é pra gente cantar”.
Das 11 canções que compõem o álbum, apenas uma não é de sua autoria. Cinco são em parceria com Arlindo Cruz. “Meu Bem Volta Logo” é uma delas – que conta ainda com a assinatura da mulher de Arlindo, Babi Cruz. É o momento mais bonito do disco. Suave, a música é marcada pelas cordas de uma guitarra havaiana.
Mapa da Lapa, com um quê de chorinho e com a cuíca onipresente, faz homenagem à casa de Rogê e dá o toque que lá não é só o reduto do samba: “Tem gente de todo lugar/ é tão democrático”.
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